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Margaret Keane - Quadros famosos, nome desconhecido (Case de Marca Pessoal)

Você já imaginou começar a investir na sua arte, mostrar grande talento, ter seus quadros vendidos a milhares de dólares e reconhecidos pelos maiores artistas da época… e mesmo assim, ninguém saber o seu nome? Foi isso que aconteceu por muitos anos da carreira de Margaret Keane. Após casar-se com Walter Keane, ele começou a vender as pinturas com seu próprio nome, alegando que a figura masculina passaria mais credibilidade. Margaret viu sua obra crescer e conquistar a todos, mas não ganhava nada do crédito — e tornou-se praticamente uma escrava do marido, produzindo em prol da sua fama.

Além de uma história trágica, é claro, isso representava uma grande crise de imagem pessoal para Margaret. Mas tudo isso começou a mudar em 1970, quando, após se divorciar de Walter, Margaret revelou numa entrevista de rádio que era a verdadeira autora das obras. Um repórter então arranjou uma competição de pintura para provar quem era o verdadeiro autor — e Walter sequer apareceu. Ele então escreveu um artigo revelando a verdadeira face por trás dos quadros. Após alguns anos, o caso foi ao tribunal, onde o juiz novamente pediu uma pintura de ambos. Margaret entregou a sua, e Walter nada. Ela foi recompensada com 4 milhões de dólares por danos. E agora, estava livre para ser dona de sua propriedade intelectual novamente.

Como Margaret (re)construiu sua imagem pessoal?

O mundo inteiro parou para prestar atenção no polêmico caso — e Margaret, além da justiça, agora tinha os olhos virados para si. Todos os artistas da época, além de muitos fãs de pintura, agora sabiam quem ela era. Além disso, livrar-se do marido abusivo ajudou a mudar sua perspectiva na arte: antes, os quadros traziam crianças tristes e cores escuras. Depois dela se divorciar, ir morar no Havaí com a filha e interessar-se por astrologia, leitura de mãos e meditação, as obras começaram a mostrar personagens mais alegres e cenários mais otimistas — sempre com seus famosos olhos grandes. Vários famosos de Hollywood a contrataram para fazer pinturas personalizadas, e outras obras chegaram a ser compradas pela Organização das Nações Unidas. Diz-se até que seu estilo de pintura influenciou outros designs infantis, como As Meninas Superpoderosas.

Margaret vive agora com a filha e o genro na Califórnia.

Atualmente, ela tem uma loja online com produtos, obras suas em museus e galerias do mundo todo e livros escritos sobre si. Tim Burton atraiu ainda mais atenção para sua história em 2014, quando fez um filme sobre sua vida e o drama de ter suas obras “roubadas”. O filme agradou a crítica e rendeu a Amy Adams um Globo de Ouro pela interpretação da pintora.

Margaret nos ensina que uma crise de imagem não é o fim do mundo. Por muito tempo de sua carreira, ela sequer tinha uma imagem. Mas conseguiu dar a volta por cima, assegurar-se como uma artista talentosa que ainda tinha muito a oferecer e com uma marca pessoal forte. Em 1992, ela lançou a Keane Eyes Gallery, que exibia suas obras em pôsteres, louças e impressos, que variavam entre 200 e 15.000 dólares. Ela continuou produzindo, continuou inovando, continuou divulgando e vendendo. E a parte triste de sua história não só foi superada, mas usada como ferramenta para atrair atenção a si — rendendo até um filme.